segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Façanhas


Mais uma historia entre tantas de babalorixás de candomblé. Sei que muito vivi aqui e ali em barracão trago sempre historias que conto em nosso ile e esta é mais uma delas.


JOSEMAR D´OGUN

Nascido em uma família humilde no interior do Ceará, Josemar Pessoa Costa veio para o Rio de Janeiro ainda criança, trazido pela irmã mais velha.

Médium precoce foi levado por amigos à Umbanda, mas aos dez anos de idade, foi iniciado no Candomblé pelas mãos de Afonso de Inhansã.

Passando grandes dificuldades financeiras, começou logo cedo a trabalhar ajudando no sustento da família. Enquanto estudava, foi engraxate e pedreiro, até servir o Exército, quando aprendeu a dirigir. Depois que deu baixa, já casado com sua primeira esposa, trabalhou ainda como taxista.

No final da década de cinqüenta, iniciou carreira jornalística atuando nos Diários Associados. Nas horas disponíveis jogava búzios nos fundos de uma casa de artigos de Umbanda, em Jacarepaguá.

Abriu sua primeira Casa de Candomblé em 1961, aos 22 anos, na Rua Sta. Efigênia, no mesmo Bairro em Jacarepaguá.

De lá, mudou-se para a Rua Araguaia, onde protagonizou algumas das passagens mais célebres da estória do Candomblé carioca: sua rivalidade com o também já finado José Ribeiro.

Os Terreiros de ambos eram próximos. Separados um do outro apenas por um quarteirão. Seu José Ribeiro, famoso pelas consultas que dava às segundas-feiras com o Seu Exu, mandava despachar os ebós na esquina do Terreiro de Pai Josemar. Este, depois que acordava das consultas que dava com Seu Tranca-Ruas das Almas, enfurecido, mandava devolver o despacho no mesmo dia, somado aos demais carregos da Casa, na esquina de Zé Ribeiro.

Disputavam também a mídia, a grandiosidade das festas, os clientes e os filhos de santo. A essa altura, Pai Josemar já tinha estreado seu programa “O Mensageiro de Ogun”, na Rádio Metropolitana, que se tornara líder de audiência. Seu José Ribeiro, em paralelo, publicava seus livros e aparecia frequentemente em matérias na prestigiada revista O Cruzeiro, onde se intitulava “o Rei do Candomblé”.

Essa penimba durou anos, até que um dia pai Josemar chamou seus amigos e parceiros de todas as macumbas, os Ogãns Jorge Grande, Marreta e Samito resolveram ir em uma festa de Exu na Casa de Zé Ribeiro. Segundo ele próprio contava, se dirigiu aos companheiros dizendo:

- Hoje tem festa de Exu na Casa do Zé Ribeiro! Vamos lá tomar umas cachaças naquela “gafieira”!

E partiram para lá... Qual não foi a surpresa quando puseram o pé dentro do Barracão! Em meio ao fervor dos atabaques e dos quase cem Exus em terra dançando e bebendo, o Tranca-Ruas de Zé Ribeiro (de costas para a entrada) manda parar tudo na hora!. Silêncio e surpresa no salão!

Tranca-Ruas de Ribeiro se volta para a porta e fala diretamente para pai Josemar:

_ Ora, Seu Moço, resolveu vir me visitar? Pois então seja bem vindo! Pode comer, beber e dançar a vontade! Mas olha: saiba o Senhor que aqui não é “gafieira” não, viu! E gargalhou a vontade!

Depois, disso, pai Josemar e José Ribeiro se tornaram amigos inseparáveis. 

Em paralelo, seguia sua trajetória na Religião. Percorreu as Nações Angola, Jeje e Ketu, onde finalmente se encontrou. Bebeu nas fontes e tomou obrigações com outros ícones do Candomblé, como Djalma de Lalu e Zezinho da Boa Viagem.

Na mídia, teve programas nas rádios Mauá, Guanabara e Bandeirantes, até que, com o pioneirismo que lhe marcava o caráter, foi o primeiro Babalorixá do Brasil a estrear um programa de Candomblé na TV: o “Reflexões”, na Rede Corcovado. Depois, fez grande sucesso com o Programa “Alaketu”, nas Redes CNT e Bandeirantes, já ao lado de sua segunda esposa Graça de Inhançã.

Escreveu uma das mais belas orações a um Orixá, a “Prece a Ogun ”, que lia ao final de cada programa. Chegou a enviar aos ouvintes mais de 4 milhões de exemplares da oração, considerado um recorde do mesmo remetente pela Empresa de Correios e Telégrafos da época.

Sua projeção foi muito grande no meio religioso em todo o Brasil. Percorreu o país iniciando iyawôs e dando Obrigações em diversas pessoas, inclusive Zeladores e Zeladoras. Participou de Congressos e fez palestras no exterior.

Organizou os mais famosos festivais de cantigas de Umbanda e Candomblé do Rio de Janeiro, nas décadas de 60 e 70. Enfrentou a época da repressão aos cultos de matrizes africanas, tornando-se o grande opositor ao Delegado “Padilha”, que ficou conhecido como perseguidor dos Terreiros, destruindo imagens sagradas e prendendo Pais e Mães de Santo durante as sessões, alguns até mesmo incorporados.

Reza a lenda que a valentia do Delegado “Padilha” terminou quando ele resolveu enfrentar Seu Tranca-Rua das Almas de Pai Josemar em plena Gira de Exus...

Ali, na Casa de Pai Josemar D´ogun, seria escrito outro episódio antológico da nossa Religião: o Delegado entrou com seus soldados sem pedir licença, empurrando os Exus e batendo na assistência com cacetete. Quando armou golpe pra acertar Tranca-Ruas, o Exu puxou um ponto de Pomba-Gira...Foi o tempo do Delegado bambear e cair de joelho dando gargalhada com a mão para traz... Foi por isso que passou a ser conhecido como Delegado “Padilha”...

No mesma semana “Padilha” pediu baixa e se aposentou da Polícia...

Depois desse ocorrido, Pai Josemar passou a brincar dizendo: “ _ Sou Josemar De Ogun Já, e não de Ogun daqui a pouco!”

Laureado pela fama que passou a ter, pai Josemar resolveu ingressar na carreira política. Filiou-se ao PRB, depois ao PTB e finalmente ao PDT de Leonel Brizola, Carlos Lupi e Miro Teixeira. Foi grande amigo e orientador espiritual de políticos famosos, entre governadores, senadores, ministros e deputados, mas jamais conseguiu se eleger.

Pai Josemar já estava com o Terreiro na Estrada dos Bandeirantes, em Vargem Grande/RJ, bem em frente à casa da Xuxa, freqüentada por estrelas de TV. As festas de Ogun em abril, e os Toques de Exu que fazia nas segundas de Carnaval eram disputadíssimos. O Terreiro ficava lotado, dos mais humildes, aos artistas e autoridades. Pai Josemar tratava a todos de farma igual, com seu famoso jargão: “Meus maninhos e minhas maninhas”.

Embora calmo, tinha temperamento difícil, o que tornava sua vida amorosa instável. Ao partir para o terceiro casamento, teve que se desfazer do Barracão da Estrada dos Bandeirantes, onde morava e batia seu Candomblé há 23 anos, a fim de dividir os bens.

Comprou então um terreno em Pedra de Guaratiba e começou a reconstruir o Ilê Axé Ogun, em 2008.

Retornou à Rádio Metropolitana com o programa “O Mensageiro de Ogun” em final de 2009, mas acometido por um AVC, em janeiro de 2010, não pôde prosseguir.

Até que no dia 7 de março de 2011, segunda-feira de Carnaval, exatamente a meia noite, teve um infarto fulminante em plena Praça do Rodo, em Pedra de Guaratiba. Embora socorrido, já chegou sem vida no hospital.

Aos 62 anos de iniciação, com cerca de 500 filhos de santo raspados, morria uma lenda do Candomblé do Brasil. Nossa Religião perdia o Babalorixá Josemar D´ogun e ganhava mais um Ancestral; agora para nos defender do outro lado.

Josemar D´ogun ao retornar ao Orun, deixou viúva (sua terceira mulher), sete filhos e seis netos carnais. Deixou também um lindo legado a todos seus filhos, netos e bisnetos de santo. Sua alma alegre e brincalhona, sua fé inabalável em nossos Orixás, seus ensinamentos e as lendas que ele protagonizou permanecem vivas em nossos corações, em nossas mentes e na saudade eterna que guardaremos dele.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Corpo físico e corpo espiritual!


 Ambos precisam se movimentar para conservar e aumentar energias. Sem exercício físico como fica nosso corpo físico? Pesado enfraquecido sem energia ficamos com dificuldades de resolver tarefas fáceis como se estas tarefas fossem terríveis e pesadas. O ato de movimentar serve para limpar nossos corpos o físico e o espiritual (o abstrato) de energias negativas que concentramos em torno a eles, vindas não somente do mundo externo mais também do mundo interno “o nosso mundo interior”. Do exterior chegam às pragas, o olho gordo, a infâmia as calunia etc. Do interior imitimos vibrações de inveja, ganância, maus desejos, etc. Todos estes sentimentos humanos que é natural nos deixam pesados e sujos. Em nossa religião devemos viver em constante movimento formando assim o asè. Ajoelhamos nos e levantamos-nos diversas vezes em um único momento, dançamos, aplaudimos, cozinhamos nos movimentamos na cozinha. Exercícios de concentração são inúmeros, quando cortamos quiabo para o amalá de songo, quando na confecção do acarajé, ekuru, beguiri, quando enfeitamos o barracão, quando buscamos folhas e semeamos folhas, quanta paciência e concentração ao tirar penas, ao cortar de nossos animais ritualísticos. Por estas e outras que sou contrario assim como nossos antepassados e os antigos da religião de hoje em comprar maquinas para depenar galinha pôr exemplo. Esta concentração é necessária para também fortaleça a ligação de nossos egboras em nosso corpo físico. Sem o exercício físico seja qual e como for nosso corpo padece de dores, e sem a concentração, sem exercícios respiratórios, sem paciência, reflexão e meditação o nosso corpo espiritual fica sem força para cumprir uma lei universal básica. A lei da Evolução. Sim concordo que não faz parte do candomblé e nem da cultura ritualística africana fazer exercícios de respiração, mas quando dançamos isso surge como natural, quando entramos na mata caminhamos até chegar a um local para fazer um ebô ou local ritualístico para algum orô, aprendemos como é importante o ato de exercício de respirar. O exercício da concentração faz com um simples banho tenha mais efetividade, por exemplo, e este ato da concentração nos ajuda no dia dia de nossos trabalhos e estudos. O movimento mental, espiritual e corporal tem que ser feito logo quando acorda te colocando atentas as coisas de seu dia, facilitando o caminho de exu a te ajudar por exemplo. Um bom exercício de meditação e limpeza dos ibas a retirada e o enchimento de água das quartinhas, outro a reza ao lançar o Obi o rito de comunicação com os Egboras na hora de um ato. E a noite nos precisamos descansar colocar nosso corpo físico ao descanso e fazendo assim o nosso corpo espiritual fluir, flutuar e buscar caminhos qual ainda não percorremos ainda com nosso corpo físico e nos trazendo avisos e novidades através de sonhos ou revelações. Bagba Edinho Ti erinlle

A receita


Receita para encontrar o caminho que leva a fé em Orisa, precisa ter 





comprometimento, respeito, reciprocidade, cumplicidade, humildade de 





admitir principalmente seus próprios erros, estar sempre a disposição de





 ajudar, o respeito pela família os mais velhos e as crianças, ser humilde mas





 não tolo, entender que o bom filho(a) hoje será o bom pai de amanhã ou boa





 mãe de amanhã, saber ouvir, respeitar seu Ile e defende-lo sempre pois é a 





morada que você escolheu para reverenciar seu Orisa, saber guardar segredo, 





seguindo esta receita encontrara com certeza o que busca para o 





entendimento de vida que muito angustia a tantos " encontrara o caminho' ! 





Mas este caminho é para poucos pois poucos conseguem viver este caminho, 





pois a fé não é o caminho para todos !


Por: Ile Omo Egbora Bagba Edinho Ti Erinlle

Manifestação e incorporação, qual a diferença?

 Incorpora é o ato de estar fora da matéria (corpo "ARA" ) e se introduzir para dentro da matéria. Ex: Dr. Fritz, Dr. bezerra de Menezes, Caboclo Pena Branca, Dona Maria Padilha, Vovô Benedito, Marinheiro Martim Pescador e etc... Manifestação é quando esta dentro da matéria (corpo - "ARA" ) misturado a sua alma e se meta forma-se para parte externa da matéria Ex: Os Egboras ( antepassados africanos) ao qual uns datam com mais de 8 mil anos pois afinal nossa tradição ketò já tem mais de 8 mil anos e a tradição Iyorubana data de 10.050 anos. Trazemos assim com a manifestação, maneiras de ser, de conduta, de agir entre outras de nossos Egboras, nossos medos e receios também é traduzido pelo Egbora que temos dentro de nós. Por isso a importância de conhecer seu Egbora, compreende-lo pois assim você acaba se descobrindo aos poucos. A importância de todo o rito de Ebôs, Bory, Ory ejè " ato de sangue sobre a cabeça", os Atos de comidas, esteira, pactos, oròs, ijè Ibà também se fazem necessários, para o fortalecimento ligação Egbora " O ancestral" com o AWO " iniciado " e se prestarem atenção mesmo que o individuo tenha títulos " Egbome, Babalorixa, Iyalorixa etc; também segue o mesmo rito, pois assim vai se fortalecendo o Ojiji e ao mesmo tempo o individuo vai conhecendo o rito. O candomblé ao qual eu vivi este não existe mais, vá a casa de outros aqui ver se é igual a nossa. Primeira coisa que vão notar é a soberba, outra o não esclarecimento das coisas, outra a conduta pai e filho, outra vivem de lendas, outra o jogo de búzios ai está o pior de tudo. Aqui já vi chegar em casa pessoas que montaram um Egbora pra ela que tava matando ela, trabalhava em agencia bancaria com gerência e tava depois de montar o Igba morando em um quartinho emprestado la morro da Caixa, e olha que era um Babalorixa que colocam em alta. Bem ajeitei fiz o que meu jogo mandou ela arrumou outro emprego e hoje mora lá em Foz do Iguaçu pelo menos foi pra onde se mudou através do emprego hoje não sei mais nada dela, este um exemplo do que um jogo de búzios mal colocado pode fazer com alguém pois a comunicação com nossos Egboras e feita através deste Oraculo. E o Orixas quem são? Orixas são as forças da natureza AR, TERRA, FOGO, AGUA E O MENERAL. Destes elementos cada qual dos nossos Egboras traz seus princípios de força e nos fortalece com elas. Ex. Osum Senhora do brilho do Ouro e do Bronze, senhora das cascatas e cachoeiras, senhora da fertilidade, senhora da sensualidade e sexualidade feminina " aqui outras senhoras também mantem o domínio", senhora da estratégia etc... Vejam que vários dos derivados dos elementos ar, água, terra,fogo e mineral passam pelos caminhos de domínio do Egbora Osum. Mas vocês não vão ouvir isso nunca da boca de um babalorixa de candomblé pois como no cristianismo jesus é deus e deus é jesus ok! Bagba Edinho Ti Erinlle

Dogmas

Os dogmas são verdades colocadas adquiridas usando apenas a fé como instrumentos. Aprendi com os meus mais velhos que Dogmas são transmitidos pelos Ebomes e Vodunces aos Awos, que devem pura e simplesmente aceita-los, acatá-los, a opinião do Awo (iniciado, Filho de santo) nunca é levada em conta no quer diz respeito a modificar DOGMAS, CONCEITOS E REFLEXÕES. O AWO é como criança e como criança, devemos escutá-las, pois é sabido que nunca saberemos o todo e que muitas vezes se aprende algo novo com o novo, isto é o certo no meu ver. Assim como não se bate boca com autoridade para não ser ter problemas dizem “ a boca pequena ao longo de anos” o mesmo serve para dentrop dos barracões dos ilês não se bate boca com os mais velhos. Assim como em áfrica o respeito pelos mais velhos deve ser de suma importância, pois ali esta o conhecimento que muitos buscam assim como o respeito com as crianças, pois ela a criança de hoje será o adulto de amanhã e se não educarmos não podermos cobrar delas respeito amanhã. Bagba Edinho Ti Erinlle.